Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 124-1 | ||||
Resumo:Entende-se como Microbially Influenced Corrosion (MIC), ou biocorrosão, o desgaste gradual consequente da ação direta ou indireta de microrganismos. A investigação da corrosão provocada por microrganismos tem adquirido relevância crescente devido ao seu notável impacto em múltiplas esferas, como a indústria naval, petroquímica, estruturas subaquáticas e sistemas de distribuição de água. É bem esclarecido que dentre os microrganismos MIC as bactérias são consideradas os principais agentes, denominadas de oxidadoras de sulfato. Apesar da ênfase nas bactérias, pesquisas recentes têm evidenciado a potencial participação dos fungos filamentosos na biocorrosão. Um dos mecanismos de ação é pela criação de biofilmes, os quais podem ser definidos como consórcios microbianos que aderem a superfícies e produzem uma matriz extracelular que age como uma barreira protetora. Além disso, os fungos filamentosos também podem produzir ácidos orgânicos, enzimas e compostos quelantes que facilitam a corrosão. Essas substâncias podem alterar o ambiente local, diminuindo o pH e aumentando a concentração de íons metálicos solúveis, o que acelera a taxa de degradação. Compreender os mecanismos envolvidos na interação entre os fungos filamentosos e os metais permitirá o desenvolvimento de revestimentos e tratamentos mais eficazes para evitar danos causados pela biocorrosão. Dessa forma, esse trabalho objetivou isolar fungos filamentosos de material metálico corroído e analisar suas características macromorfológicas. Coletou-se, de forma asséptica, uma cantoneira corroída, utilizando-se um frasco de vidro previamente autoclavado para o armazenamento do material, pinça autoclavada, luva e álcool 70% (v/v). A amostra foi posta sobre o meio de cultura sólido Ágar Contagem contido em placa de Petri, e mantido em estufa bacteriológica, à 30ºC, durante quatro dias, sendo analisado o crescimento de fungos filamentosos a cada 24 horas. À medida que os espécimes cresceram, os mesmos foram isolados em mesmo meio de cultura, sendo mantidos sob as mesmas condições até um crescimento adequado. Posteriormente, as características macromorfológicas dos isolados foram analisadas, tais como: cor, textura, borda, superfície, pigmentação, entre outros. No total, cinco fungos filamentosos foram isolados, denominados de: CD61, CD62A, CD62B, CD64, CD65 e CD75. Durante o processo de isolamento, observou-se a presença de microrganismos adicionais, como bactérias e leveduras, evidenciando a coexistência dessas espécies e sua possível atuação cooperativa na corrosão. Em relação aos fungos filamentosos, pode-se observar que 83% dos isolados apresentaram textura de natureza algodonosa e 17% camurça; 50% das superfícies visualizadas eram lisas, 33% estrias concêntricas e 17% lisas com estrias concêntricas; assim como, 67% dos microrganismos possuíram bordas regulares lisas, 17% irregulares onduladas e 16% regulares filamentosa; 50% lisa e convexa, 17% crateriforme com pregas centrais, 17% lisa e côncava e 16% lisas, convexas com cume central. Em relação às cores dos fungos, visualizou-se que 83% dos isolados apresentaram coloração branca e 17% verde acinzentado. Entretanto, persistem incertezas quanto ao papel dos fungos filamentosos no processo de corrosão e se eles estão meramente presentes nos materiais coletados ou desempenham um papel direto. Dessa forma, essa pesquisa estimula investigações futuras nessa área, ilustrando a coexistência de microrganismos e sua influência na biocorrosão.
Palavras-chave: Biodiversidade, Corrosão, Micologia, Microbiologia, Morfologia Agência de fomento:CNPq, CAPES, FAPEMIG |